sábado, 30 de julho de 2011

Presente de Presunto

- Não imaginava que iria encontrar-lhe aqui - espantou-se Manoel ao se deparar com Joaquim.

- Ele era muito querido para mim. Não pude negar esta última homenagem... - respondeu Joaquim.

- Realmente era muito querido... - repetiu Manoel - no dia do meu casamento espantou todos os meus convidados...

- Mas ele não bebe! Não é o seu estilo... - completou Joaquim.

- Agora não bebe, mas bebia. Bebia e não era água, mas, cerveja bebia até a última gota.

- Pode ser, depois da morte da esposa... - disse Joaquim.

- Ele mudou muito, parou de beber... Mas deve ter dado graças a Deus pela morte dela, pois fiquei sabendo que levou os filhos que tivera fora do casamento para o atual lar da falecida... - ressaltou Manoel.

- Não é possível... Ele tinha apenas um! - espantou-se Joaquim.

- Sim, apenas um com a falecida e cinco com a amante! Inclusive a amante era casada com um otário que achava... - continuou Manoel - As aparências enganam. Ele aparentava ser um político, ainda mais pelo discurso que fazia... E você acha que era? Que nada! Ele era um ladrão que vivia passando a mão...

- Não sabia que... - hesitou Joaquim.

- Pois é...

- Que cretino! Mas alguma coisa de bom deve ter feito. Não fez?

- Com toda a certeza! Ficou com a minha casa, com os meus supostos filhos, com a minha esposa... Ah! Ainda ganhou um brinde: a bruxa da minha sogra! - continuou Manoel - Vou me despedir do falecido. Você vem?

- Depois de tudo o que ouvi, não fico mais aqui - e foi de encontro ao morto.

- Quem é ele? - indagou Manoel.

- Não o reconhece? É o João - replicou Joaquim.

- Ih caramba! Velório errado... - matutou Manoel retirando-se do local.

Joaquim trombou com outro conhecido e retornou o antigo mexerico...



Joyce C. L. Gomes
18 - outubro - 2002

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