sábado, 6 de agosto de 2011

Devaneio Juvenil


O passado e o futuro, embora distantes, brincam muito com o presente. A brisa está lá, a estrela está aqui, a lua padece no céu enquanto o infatigável sol labuta na mais triste tarde de outono.

O movimento inconstante dos “seres humanos” torna a vista tão cansada, os lamentáveis sentimentos e o conflito entre o ser e o ter, querer e o não poder brigam insistentemente. O coração quer se rebelar, porém a consciência o detém no mais sombrio esconderijo. 

A fresta da janela já não absorve mais nada. O papo flui constantemente sobre o nada. O vazio se torna tão constante quanto à escuridão do buraco mais fundo onde já se pode chegar. A música ecoa... E percorre um caminho tão longo, mas fica estagnada num ponto próximo, junto de alguém que ora sorri das aflições da adolescência e noutras chora por ser incompreendido. E os demais que não o vêem, sequer se importam com aquilo que circunda aquela mente que é quase tão vazia de experiências.

A canção, mesmo sendo incompreensível, soa tão melancolicamente àquele perdido. O som vai se perdendo e o pensamento ganha ares que os olhos desejam mostrar. O caminho entrelaçado entre o pensamento e os olhos calmamente se encaixam confundindo como uma cadeia genética que ainda não surgiu.

Aqueles olhos brilham ora de confusão, ora de paixão, mas o jovem permanece admirando...

Finalmente o sinal soa e todos saem em disparada à suas casas.


Joyce C. L. Gomes
17 - abril - 2006

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