sábado, 6 de agosto de 2011

O Encontro Marcado

No céu, a lua acompanhada das estrelas, eram os ingredientes daquela noite tranquila e ainda serena. Uma noite de verão, uma noite de diversão para uma doce rapariga que encontrara a solidão de um amor não correspondido.

A brisa batia sobre sua face delicada feição, uma brisa cheia de mistérios. Era uma noite infeliz como todas as anteriores, embora ainda prometesse inesperadas surpresas.

Esta rapariga era abordada por suas amigas para que saísse de sua toca e colocasse em prática o esquecimento de alguém que não merecia sua compaixão, devia esquecer a desilusão que havia sofrido há algum tempo atrás.

Iam encontrar num bar requintado para terem algumas horas de diversão.

Logo na porta, o segurança observava atentamente os clientes que iam chegando. Ana Carolina teve a sua atenção presa no ambiente novo desde o momento que colocou o seu pé por lá. Impressionada com a beleza e com uma certa elegância apreciava com olhar aquelas mesas arrumadas, o balcão, com um certo número de pessoas conversando, os garçons procurando alguém para atender, um rapaz tocando seu violão acompanhado de outro, que era o vocal...

- Este bar é muito interessante! Há uma harmonia que jamais senti antes noutro lugar: é tranqüilo, arejado, boa música, pessoas agradáveis...

- Isso porque aqui é somente uma parte, há ainda o outro lado. Lá o som é mais dinâmico, e o pessoal que não namora prefere lá, que aqui. Aqui é considerado o lado dos casais, enquanto lá, dos descompromissados. Vamos ficar aqui por alguns minutos, esperando pela Daniela. Pelo menos acho que ela deva vir... – dizia Duda.

- Não tem problema, daqui a pouco vamos...

Próximas ao balcão esperaram por alguns minutos. O movimento estava aumentando, os garçons, praticamente corriam, até que chegou Daniela.

Os corredores entre as mesas pareciam, cada vez mais, estarem menores. Subiram uma pequena rampa para que trocassem de ambiente. As pessoas estavam próximas da banda que, no momento descansava.

Com todo aquele povo situado mais ao centro, Ana Carolina estava ficando tonta; aquela era a primeira vez, depois de meses trancafiada em sua própria casa. Trombava com um, com outro e sempre pedindo desculpas.

Havia uma mesa vaga próxima da tal banda que retornara há pouco para continuar animando a galera.

- Vamos ficar naquela mesa? – perguntava Ana Carolina.

- Por que não? Ficar pertinho daquele tecladista maravilhoso! – respondia Daniela. – Bom, vão para lá, enquanto eu vou no balcão pegar uma caipirinha...

Aproximaram-se da mesa até que, um dos componentes olhava fixamente para Ana Carolina, mas ela ainda não havia prestado atenção naquele rapaz admirando e possuindo-a com seu olhar.

Sentaram-se e puseram-se a olhar ao redor.

O rapaz permanecia admirando-a com um ar de ternura, com satisfação, com todo carinho que conseguiam perceber no seu gesto arrogante e egoísta de meses atrás. Fitava-a com o olhar de arrependimento e saudade. Apreciava-a com o amor que descobrira, desde o momento que eles brigaram e da maneira mais absurda, ela afirmava indiretamente que ele fora o seu único amor.

Mas o olhar de Ana Carolina ainda não chegara na direção daquele rapaz egoísta, que não se importara com ninguém antes.

A pausa era total, mas Ana Carolina não percebera o motivo. Todos olhavam em direção a banda atentos aos recados que o vocalista dava sobre a sua programação para aquela semana lotada de eventos.

Após um minuto de silêncio Fernando tomou o microfone da mão do seu amigo e disparou a falar:

- Hoje estou com meu coração apertado, quer dizer, faz meses, desde que a garota que amava disse-me algumas verdades. Desde o começo pensava ser eu o certo e não percebi a sua necessidade, sua sinceridade, seu amor por mim. Descobri no momento que a perdi de vez. Não a procurei para tentar consertar tudo de errado que aconteceu. E agora ao vê-la na minha frente mais bonita do que antes, queria pedir mil desculpas e dizer-lhe que nunca a esqueci e sempre a amei, desde o dia que a vi encantadoramente conversando com suas amigas na escola. E como hoje estamos todos aqui, queria que vocês fossem meus testemunhos e certificassem a minha única decisão...

Neste momento ela olhava espantosamente para aquele guitarrista de meia tigela que um dia a ignorou, mas que em muitos outros a fez a mulher mais feliz do mundo. Abriu um enorme sorriso e continuava prestando atenção em cada palavra pronunciada por ele.

- ... Carol, não quero desperdiçar mais nenhum momento, nenhum segundo... Quer se casar comigo? – e tirou de dentro do seu bolso um par de alianças...

Ela olhou para suas amigas e enxergava através daqueles olhares cruzados que tudo fora um plano, um romântico plano...

- Nunca iria adivinhar que tudo isso fosse combinado! Fui traída pelas minhas próprias amigas... Mas depois de tanto tempo ter me conformado de tê-lo perdido, decidida a desistir de te amar, e sem ter conseguido... Eu quero muito continuar te amando, quero muito me casar com você!

Fernando pegou-a pela mão, colocou o anel no seu dedo direito. Puxou-a para que levantasse e deu-lhe um ardente beijo como jamais fizera antes.

Todos aplaudiram e se deliciaram naquele romance não acabado.

De novo com a felicidade estampada em seu rosto, pensativa, mas alegre, esperava seu noivo para acompanhá-la à sua casa, pois queria aproveitar todos os minutos que restavam ao lado dele...



Joyce C. L. Gomes
16 – Junho – 2000

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