quinta-feira, 12 de abril de 2012

Crítica de uma professora do Ensino Fundamental II à Educação Superior



Eu trabalho na Educação há 8 anos. Não é muito tempo em vista de outros professores, mas já é algo para ver o rumo que a Educação vem tomando. E isso começa quando ainda era aluna, há mais de 10 anos. Quando eu ainda estudava foi implantado o sistema do “não vamos reprovar ninguém” e tudo começou a ficar de um jeito que fizeram muitos professores odiarem dar aula. Eu, como ainda não era professora, também odiei, pois não conseguia aprender. Enfim, entrei na faculdade, fiz o meu curso e fui à escola lecionar. E, por incrível que pareça, eu peguei os dois lados da moeda, porém esse não é o meu foco para agora...

No decorrer dos anos, passei por diversas capacitações de como tornar uma aula agradável, de como trabalhar as múltiplas inteligências, de como trabalhar individualmente e em equipe. Eu diversifico as minhas aulas para tentar agradar a todos. Atualmente tenho mais de 350 alunos do Ensino Fundamental 1 e 2. Já lecionei no Ensino Médio e no Ensino Privado também. Já perdi as contas de quantos alunos tive!

Mas então, hoje vejo meus alunos de 5° série, de 8 anos atrás, na faculdade. Eu sei que esses meus alunos saíram de uma educação que deixou muito a desejar, em que o governo faz experiências, e acaba desmotivando o professor. E, além disso, os pais são ausentes, pois estão correndo atrás de trabalhos para dar uma vida melhor para o seu filho, deixando-o com a famosa “babá-eletrônica”.

Essa situação problemática (que passou no Ensino Infantil, depois para o Fundamental e, por último, para o Médio), já entrou no Ensino Universitário! E hoje, sou universitária (novamente). Vejo como é a preparação que a gestão universitária dá aos seus professores.

Vejo que, diante das muitas capacitações educacionais que eu tive e que pedem para que trabalhemos com grupos, duplas, trios, individualmente, isso se perde na faculdade, pois só priorizam o trabalho em grupo, para facilitar “correções”, (já até vi prova em grupo e com consulta para facilitar isso!). Dizem que é uma simulação de mercado, mas mercado de trabalho não precisa ser simulado, pois quem trabalha nele, sabe como ele é de fato.

Voltando ao assunto, fazem competições entre os grupos e até mesmo dentro do grupo, tornando os alunos egocêntricos, querendo sempre a vitória e assim “passando” por cima daqueles que não ganharam.

O interessante é que isso foi falado numa última capacitação que eu tive. Nessa capacitação, a palestrante veio com o pedido “evitem esse tipo de competição exacerbada, pois isso faz mal para o indivíduo, tornando-o egocêntrico e nós temos que educá-lo para o coletivo”. 

E eu vivo nessa situação do tentando fazer o melhor de mim para ensinar os meus alunos a serem melhores e terem objetivos melhores para o futuro. Mas o futuro está aí e, enquanto ensino universitário (pelo menos em universidade privada!), tem sido excludente!

Universidade não é mercado de trabalho para montar empresas experimentais! Universidade é um local de ensino, assim como a rede de ensino municipal e estadual. As empresas experimentais devem sair da vontade do universitário e não da imposição de um sistema que está sentindo reflexo da educação estadual falida!

Isso é uma crítica com relação ao ensino superior, pois eu, assim como muitos outros colegas professores, faço o máximo para mandar bons alunos para a universidade e, quando chega na faculdade, ela não prioriza a diversidade educacional existente e se prende a um único método de ensino!

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