terça-feira, 2 de junho de 2015

O conflito entre ficção e realidade


Assistimos as novelas, os seriados, minisséries, filmes, peças teatrais e lemos livros. Todos eles são meios de entretenimento. A gente acompanha a vida do personagem e, quanto mais próximo da nossa realidade, mais íntimos desse personagem nos tornamos. Vivemos a vida dele como se ele fizesse parte da nossa. Nos apaixonamos, sofremos, alegramos, entristecemos... E quando acaba, vem aquele vazio acompanhado de reflexões, questionamentos sobre como terminou e porque terminou. E quando caímos na realidade novamente, percebemos que algo dentro de nós se modificou. Aprendemos, tentamos mudar nosso comportamento... E a vida segue! E depois de um tempo, partimos para outro filme, novela, seriado, livros...

Enquanto somos espectadores, não ligamos para o ator, mas sim para o personagem. E o ator, como fica nisso tudo?

Relembrando aulas teóricas sobre literatura, o professor citou um filósofo que afirmava que toda história deve ser verossímil. Isto é, a arte deve imitar a vida. E se a arte não possui essa verossimilhança, não será arte completa. Eu me refiro “arte” pelo fato da palavra ser abrangente e incluir literatura, pintura... 

Então comecei a prestar atenção sobre isso na esfera teatral, na relação ator - personagem. Observei esse processo de criação no teatro por estar mais próximo do nosso cotidiano do que uma novela. Questionei o processo criativo do ator para compor o seu personagem. E o mais interessante é descobrir que o ator incorpora o personagem como se este fizesse parte de si mesmo. O ator penetra tanto dentro da vida de um personagem e acaba se confundindo, incorporando a realidade do personagem como se fosse sua própria. Já ouvimos por aí atores que se aprofundaram tanto na personalidade do personagem, e confundido a sua realidade com a ficção.

Brian O’Conner (Paul Walker) participa de rachas no filme Velozes Furiosos. E o ator, morre num acidente de carro, fora das gravações e os boatos são de que o acidente aconteceu quando participava de racha na vida real. Heather Ledger é outro ator que se aprofunda tanto no personagem do Coringa (Batman) e não consegue se desprender dele depois do filme... Já deve saber o que aconteceu, não é?

Essa confusão também acontece em novelas, teatros seriados, séries... Quantas vezes ouvimos dizer que ator tal está tendo um relacionamento amoroso com atriz tal após terem sidos pares românticos em cena?

Em “The Vampire Diaries” também aconteceu isso. Essa confusão entre ator-personagem é bem perceptível. E ao observar, é notável que a vida pessoal acabou interferindo no profissional e o profissional, no pessoal. Os personagens se apaixonaram. Os atores se envolveram e se apaixonaram também. O namoro vai rolando na série e na vida real. Até o ponto que o namoro da vida real acaba e interfere no namoro dos personagens. A trama continua rolando. O tempo vai passando e começam a soltar coisas do tipo “ator dirigirá um episódio da série”. E, se você prestar atenção, percebe que nesse episódio não há a conexão com os personagens. E daí, a curiosidade vai lhe consumindo... E vai buscando, observando e analisando a situação e percebe que os personagens perderam a graça por causa de confusões entre os atores. Então, é possível perceber que a vida pessoal interferiu na profissional e, vice-versa.

E assim como nesses casos mencionados, há muitos outros. Como o ator não permite com que o personagem interfira na sua vida pessoal? Como o ator se desprende do personagem? O escritor também incorpora um dos seus personagens a sua vida pessoal? Como ele se desapega de sua obra? E como espectador se desvincula da obra/ personagem pelo qual viveu, sofreu e se apaixonou durante a trama? 

Mas isso daí já é tema para outra crônica...

Joyce Gomes
15/05/2015
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