sexta-feira, 8 de maio de 2015

O Bailado


Um casal de jovens abraçados dança em meio a uma sala quase vazia. O menino, na convicção de achar que sabe dançar, conduz a menina. E ela, assume não saber dançar, e deixa estampado em seu rosto. 

Ah! A música... Hoje em dia não se ouve tal preciosidade. Hoje os jovens querem mesmo as músicas mais agitadas, mas nessa época ainda não era assim. Ele era desajeitado e ela era delicada. E o cantor seguia o ritmo de melodia...

Ah! A música... Ela era uma música bem calma, tranquila. Era uma música que parecia entregar os reais sentimentos. Mas, na verdade nada entregara a não ser um menino desajeitado achando que sabia dançar. E uma menina que não escondia que não sabia e se deixava ser conduzida por ele. 

A música acaba. 

O sonho termina.

E cada um desaparece, reaparecendo num outro ponto qualquer, em algum lugar da cidade. Ela se encontra acordando dentro do ônibus. E ele andando por aí. Ela avista o seu ponto de descida. E ele para sem saber para onde ir. É noite. As luzes nos postes pouco iluminam as ruas. A lua? Onde estará? Deve estar no céu, mas escondida por aí. 

Ambos caminham sabe-se lá para onde. Eles seguem. Talvez estivessem sendo guiados pela intuição ou não. Talvez estivessem seguindo para a casa ou para a escola. Quem sabe? Nem mesmo eles sabiam. Apenas seguiam.

Num quarteirão qualquer, depois dela ter descido do ônibus e ele ter perambulado pelas ruas de seu bairro, eles se trombam... Trocam olhares como se já tivessem se conhecido antes, mas essa era a primeira, por assim dizer, trombada. A fala solta quase que uníssona diz a mesma coisa:

- Eu te conheço dos meus sonhos!

Para qualquer pessoa que visse essa cena, acharia que fosse apenas uma paquera. Mas eles não. Eles sabiam, pois haviam se encontrado antes, naquela sala, em meio àquele devaneio quase coletivo.



Joyce Gomes
30/10/2014

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